terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

CARNAVAL


CARNAVAL

 O Carnaval é uma das maiores e mais  democráticas festas populares  do Brasil.

É comemorado em desfiles de escolas de samba, trios elétricos, bailes e blocos de ruas.

Como parte viva da cultura é formado por diferentes influências, povos e vozes que remontam a construção da nação brasileira de sua identidade e iconografia.

ORIGENS

Rituais agrários dos povos  primitivos que festejavam e agradeciam a chegada da primavera e das colheitas.

IDADE ANTIGA

Grecia Antiga  - evento ligado a Dionísio, culto ao deus do entusiasmo e do vinho.

Por meio de animadas procissões em que grupos de mascarados dançavam, cantavam e bebiam.

Promoviam-se também concursos de tragédias e  comédias.

Na  Roma Antiga – culto ao Baco (deus do vinho) -  mulheres corriam seminuas pelas ruas cobertas com peles de animais.

Nessas festas pagãs invertiam-se os papéis sociais .

ERA CRISTÃ

A Igreja incorporou o festejo ao seu calendário sendo o período que antecede a Quaresma e Terça-Feira Gorda, último dia em que era permitido comer carne antes do jejum.

FANTASIAS

Sempre marcaram presença nessa forma de festejar. Varias fantasias tradicionais do carnaval provém de histórias míticas ou personagens da cultura, além das que representa profiss~oes, tipos sociais e nacionalidades.

As fantasias fizeram parte do festejo desde a origem. Mas foi o papa Paulo II,  no séc. XV que introduziu o Baile de Máscaras.

Era comum na nobreza européia, como símbolos de sedução e riqueza.

SÉCULO XI

Festejos realizados três dias antes da Quarta- Feira de Cinzas, primeiro dia da quaresma (quarenta dias de jejum)

IDADE MÉDIA

Oposição

Ritos e cultos cômicos – bufões, anões, gigantes, tolos e palhaços.

Tom sério e religioso

A junção dessas manifestações contribuiu como sendo parte da cultura cômica popular e elemento da cultura carnavalesca.

As manifestações dessa  cultura divide-se em três categorias:

1)      Formas dos ritos e espetáculos (festejos carnavalescos)- obras cômicas para ser representadas     em praças públicas. Esses ritos levavam multidões para as praças nas quais eram celebradas as   festas dos tolos.

2)      Obras cômicas verbais – orais ou escritas em latim vulgar.

3)      Formas e gêneros do vocabulário familiar e grosseiro (insultos, juramentos)


No Carnaval atores e espectadores se misturavam de modo que os espectadores não só assistiam o Carnaval, mas o viviam.


RENASCIMENTO

Apogeu da vida carnavalesca


LITERATURA

Fim da Antiguidade Clássica – várias se desenvolveram. Mimos de Sófro (https://es.wikipedia.org/wiki/Sofr%C3%B3n)



Primeira memorialística





Poesia bucólica, panfletos, sátira  e Meniféia


Literatura Carnavalizada

Influência das diferentes modalidades do folclore carnavalesco



Peculiaridades

1)      Tratamento dado à realidade

2)      Experiência, fantasia livre (vida de lendas)

3)      Pluralidade de estilos e variedade de todos os gêneros


Renúncia à unidade estilística da epopéia, da tragédia, da retórica elevada e da lírica.

Fusão do sublime e do vulgar, do sério e do cômico (gênero intercalado)

Fusão da prosa e do verso

Dialetos e jargões


O carnaval é uma forma sincrética de espetáculo, falta de hierarquia, excentricidade, sagrado e profano.

Profanação – sacrilégios, indecências, paródias de textos  sagrados


Com o passar do tempo essas categorias foram transpostas para a literatura.

Caráter livre, liberto de memorialismos, método de revelação da verdade.

Diálogo socrático difundido por Platão, Xenofonte -Recordações de palestras. (https://pt.wikipedia.org/wiki/Xenofonte). 

CARNAVAL NO BRASIL

Foi trazido pelos portugueses na forma de entrudo (o contrário dos bailes mascarados chiques)

Participavam escravos e brancos. As pessoas jogavam água suja umas nas outras .

Por pressão da Igreja Católica, a água suja foi substituída pelo limão de cheiro (esfera de cera com água perfumada, pétalas de flores e farinha).

Bailes de Máscaras foram introduzidos por influência européia no século XIX.

A elite encontrava no conforto dos salões a beleza e a sedução da festa de carnaval.

Outras Manifestações

Cordões e Ranchos – de caráter mais popular, deram origem aos blocos de rua e escolas de samba.

Fantasias

Máscara sempre esteve presente nos bailes, desfiles e blocos de rua. Além de ocultar a identidade do folião permitia adotar um personagem. Pode dar medo ou fazer sorrir, triste ou feliz, novo ou velha. Personagem da história, animal, super-herói, outro sexo.

O Rei Momo

Inspirado em um deus da Antiguidade Clássica expulso do Olimpo por debochar de outros deuses.

É representado pelo uso da coroa e pela presença da chave da cidade. Ele é o rei nesse tempo de liberdade e diversão.

Arlequim Colombina e Pierrô

Vindos da Comédia Dell’Arte (estilo popular da Itália no século XV)

Inspirado nas brincadeiras de carnaval, que satiriza a ordem estabelecida por meio de um enredo predefinido sempre com os mesmos personagens que improvisam a partir das situações.

Pierrô – não usa máscara. Tem a cara pintada de branco e uma lágrima desenhada em sua face, usa trajes brancos e largos.

É tido como palhaço ingênuo e triste, alvo de piadas, apaixonado pela Colombina.

Arlequim – é malandro, sedutor, brincalhão, amoral, o tipo bobo da corte. Seu traje tem losangos coloridos, disfarça entre a multidão a procura de sua colombina. Usa uma máscara curta (ou meia máscara) com uma verruga na testa.

Colombina – é uma cerviçal, veste uma roupa que pode se assemelhar à do Arlequim, com losangos, canta e dança para atrair a atenção dos enamorados.

Ala das Baianas das escolas de samba faz menção as tias baianas que recebiam os grupos de samba em suas casas quando estes eram marginalizados.

Pertencentes ao Candomblé essas senhoras eram mãe de santo, por vezes quituteiras, hoje representadas pelas saias brancas rodadas com panos da costa, representa a africana.

Mestre Sala e Porta Bandeira

Suas fantasias são inspiradas nos trajes da nobreza do século XVII

Eram figuras dos ranchos – agremiações que desfilavam nas ruas durante o carnaval e eram encarregadas de proteger as bandeiras que eram roubadas e exibir o estandarte do grupo.

FREVO
Da corruptela do verbo ferver. Frevo designava a multidão “frevendo.” Dizia-se Oia o frevo quando se avistava algum bloco conduzindo foliões.

A palavra foi encontrada pela primeira vez na imprensa pernambucana em 9/02/1907.

Gênero Musical Brasileiro. A musica passou a ser chamada de frevo em fins dos anos 20.

É reconhecido como patrimônio imaterial da humanidade pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura)

Nasceu no Recife, no fim do século XIX (mistura de dobrados, maxixe e polca)

É a única música popular urbana do Brasil que não surgiu de manifestações folclóricas ou é derivação de algum ritmo africano.

Não há frevos de domínio público.

Saiu das camadas humildes da população recifense, mas mesmo no início  o compositor de frevo tinha de saber ler música.

O frevo de rua (versão instrumental) tem de entender de rudimentos de composição, arranjo, orquestração.

Exceção

O olindense Lídio Francisco da Silva (1892-1961) foi um dos grandes autores de frevo mesmo sem saber ler. Três da tarde – clássico do  Diário de Pernambuco. Inspirado no carrilhão do prédio em que funcionava o Diário de Pernambuco no centro do Recife.

O maestro Lafayette Lopes passou a obra para a partitura. O arranjo foi feito pelo maestro da banda do 14º Regimento da Infantaria do Exército.

Primeira gravação da orquestra Tabajara do maestro Severino Araújo (pernambucano de Limoeiro do Norte). Ele comparava sua música a uma carta. A carta foi escrita por outro, mas o conteúdo é de quem mandou escrever.

Nas últimas décadas do século XIX era comum o desfile de bandas marciais pelas ruas do Recife tanto à frente grupos de capoeiras que exercitava suas coreografias adaptando-se à música.

Principais bandas nas últimas décadas do século XIX eram chamadas de O Quarto (4º batalhão de Artilharia)

Banda do Corpo da Guarda Nacional

Espanha – Maestro Pedro Francisco Garrido

Capoeiras – seguiam a banda predileta.

Os músicos marciais animavam o carnaval e os capoeiras aprontavam diante das orquestras durante as animadas folias nas ruas.

Teorias sustentam que os capoeiras influenciaram os dobrados, as polcas e o maxixe para que fossem mudando de andamento, misturando-se e formando um novo gênero – o frevo.

As manobras realizadas por eles deram origem aos passos com que se dança o frevo.

Passista com sombrinha colorida é o símbolo que identifica o frevo. Antes era o Guarda-Sol usado pelos passistas para se proteger de confusões.

Primeiro frevo gravado:  Borboleta não é ave (1922) de Nelson Ferrreira e J. Diniz

Fim dos anos 70

Rio de Janeiro e Recife eram as únicas cidades do Brasil a possuir uma música exclusiva para o carnaval.

Rio de Janeiro – Samba e marchinhas

Recife – frevo, maracatu, caboclinho, Bumba meu Boi.

O frevo predominou entre as demais, embora o maracatu ainda seja forte.

Frevo de rua – (Instrumental)

Frevo Canção – Cantado com letra

Frevo de bloco – também com letra, porém com andamento mais cadenciado, lembrando a marcha-rancho carioca.

Gravaram sucessos do carnaval pernambucano

Francisco Alves, Carlos Galhardo, Orlando Silva, Mário Reis, Linda Batista.

1957 – a música mais tocada no carnaval foi Evocação frevo de bloco de Nelson Ferreira.

Bahia – surgiu versão eletrificada até surgir o axé-music.

O ritmo já foi levado à China.