quarta-feira, 2 de setembro de 2015

HAICAI

Poema de origem japonesa que descende de uma linhagem antiga, o waka (poema á moda do país de wa(Japão), do século VII d. C.
 
Os primeiros wakas foram reunidos no Man Yôshu (antologia de dez mil folhas), a maior e mais antiga coletânia de poesia japonesa, iniciada no ano de 759. Foi elaborada entre os séculos VI e VII,  reune  vinte volumes e cerca de 4.500 poemas.
 
A forma poética era composto por 5- 7- 5- 7-7 fonemas (misohitomogi) ou poema de 31 sílabas.
 
Períodos
 Heian  (794-1185) - Tanka
O tanka passa a ser criado por duas pessoas: uma encarregada da primeira estrofe (hokku), outra pela seguinte (wakitu);
 
 Kamekura (1186-1339)
O pequeno poema torna-se entretenimento entre os cortesãos da aristocracia feudal.
 
Entre os anos 913 e 1439 imperadores japoneses encomendaram 21 antologias aos poetas do perído, cada uma com cerca de 20 volumes,  que ficou conhecida como coletânea de poemas waka.
 
Com o tempo passa a ligar-se a outras estrofes da mesma medida ficando conhecida como renga e depois renku.
 
INÍCIO DO SÉCULO XIII
Começo da forma conhecida como Haikai.

Século XV
Yamasaki Sokan (1465-1553) - é dele os primeiros escritos.
 
Século XVI e XVII
Surgem duas escolas de renga haikai:
Teimon-ha escola  de Matsunaga Teikofu (1571-1653), que busca sofisticar a linguagem e composição elaborada;
Danrimfú ou templo - enfatizava o coloquialismo e em alguns casos expressões vulgares e humor , repercutindo a temática das coisas imples e do cotidiano. 
 
Edo (1603-1867) - século XVII
O terceto (três versos) atinge o apogeu quando Matsuo Bashô (1644-1694) filho de samurai, renuncia à classe social para tornar-se monge andarilho. Ele eleva o haicai à condição de Kadô (caminho da poesia) introduzindo a visão do mundo Zen em sua criação. Herança do Confucionismo e do Budismo de estirpe Mahaya na - crença de todas as coisas da natureza.Ele  revelará a beleza existente nas coisas humildes, imperfeitas, transitórias e não convencionais. Sua escola fica conhecida por Shomôn ou "escola de Bashô".
 
Bashô teve mais de 3 mil discípulos.  Destaques: Busson (1716-1784), Kobayashi Issa (1763-1827) e Massoka Shiki (1867-1902);
Busson - conceitual e racional;
Issa - confessional e emotivo.
 
Ah, como é bonita!
Pela porta esburacada
surge a Via Láctea.
                    Issa
 
Nesta noite
ninguém pode deitar-se:
lua cheia.
                Bashô
 
De tantos instantes
Para mim lembrança
As flores de cerejeira
               Bashô
 
No atalho de montanha
Sorrindo
Uma violeta
                       Bashô
 
O grito do faisão-
Que saudade imensa
De meu pai e minha mãe
                           Bashô
 
 
Meiji (1867-1902) -  abertura do Japão para o Ocidente .
Massoka Shiki preserva a integridade da poesia japonesa e do haicai como forma original e local e cria o neologismo haiku para nomear o poema de dezessete sílabas e estabelece regras rígidas para sua composição.
Regras principais:
poema deve ser breve;
Dezessete fonemas ou sílabas;
Conter refer~encia à estação do ano;
Local da criação;
Rico em onomatopéias;
Afirmava que seu maior mestre continuava sendo a natureza.
 
Ao deixar o portão
do templo Zen,
uma noite estrelada.
                  Shiki
Solidão
Após a queima de fogos,
uma estrela cadente.
                  Shiki



HAICAI NO BRASIL

1906 - Monteiro Lobato estréia o haicai no Brasil ao publicar na Gazeta o artigo " A poesia Japonesa" em que traduz seis haikais.
O Haicai  influenciou a geração de escritores e poetas de 1922 que rompeu com a sintaxe e inaugurou o modernismo no país inspirados pela oralidade e  coloquialismo  das narrativas de Lobato.

1919 - Afrãnio Peixoto, historiador, poeta e crítico literário fixou a forma do haicai à brasileira: três versos com cinco, sete e cinco - totalizando dezessete sílabas métricas.

1920 -  modernistas rompem com a sintaxe e a métrica tradicional, inaugurando o verso livre, impondo a linguagem coloquial na poesia da mesma maneira que o movimento da escola Danrin no Japão do século XVII.

Era da Revolução Industrial
Os poetas descem do Monte Parnaso para vivenciar o bulicio das ruas.
O haicai reduz-se a um terceto breve e bem humorado cujo tema revela a vida urbana e burguesa.

1922 - Haicai é praticado e discutido por poetas da Semana de Arte  Moderna.
No  n. 2 da Revista Klaxon o poeta japonês Nico Horigoutchi comenta as transformações promovidas na poesia japonesa a partir de 1895 (produzidas por Shiki) no artigo "A poesia japonesa contemporânea".

No discurso sobre tendências modernistas   na revista Estética "A Escrava que não é Isaura",  Mário de Andrade reconhece a influência de gêneros orientais.

Luís Aranha é o primeiro brasileiro que  concebe os primeiros haicais inspirado em poema de Yamazaki Sokán (1465-1532), embora não tenha sido reconhecido na época. Seu livro Cocktails será publicado somente em 1986.

Pardas gotas de mel
voando em torno de uma rosa
Abelhas
              Luís Aranha (17/05/1901-29/06/1987)

Oswald de Andrade
Adotou o haicai em Pau Brasil. Voltou ao terceto em Primeiro caderno de poesia do aluno Oswald de Andrade. Mal interpretado seus haicais recebe o epíteto de "poema-piada".

1933 - Newpuku Sato (1898-1979) comenta e difunde o haiku poroduzido no idioma japonês no Brasil.


Drummond de Andrade
Publica na revista de variedades Para Todos seus primeiros haicais.

Manuel Bandeira
Produziu um único haicai no livro Lira dos cinquent'anos. Traduziu poemas de Bashô e do espanhol Ramón Jiménez.  Atentou para o assunto no tratado "Versificação em lingua portuguesa" para a Enciclopédia Delta Larouse.

Na metade dos anos 30 Guilherme de Almeida torna público o intercãmbio cultural .
Usou três versos de dezessete sílabas métricas: 5-7-5. Rimas ligando o primeiro e o terceiro verso e ua rima interna no segundo verso. Tornou esse tipo conhecido em artigos no Estado de São Paulo e no livro Poesia Vária (1947)  e depois em Anjo de sal. Vários poetas passaram a usar o haicai de Guilherme de Almeida. Também foi ele quem atribuiu a Magma, livro de estréia de Guimarães Rosa a premiação máxima.

Siqueira Júnior dedicou seu primeiro livro ao poemeto  no país m 1933.
Foi o primeiro a trocar informações com os imigrantes sobre haiku.

Guimarães Rosa destacou em Magma nove tercetos enfeixados sob o título de haicais ignorando as regras de composição. Não voltou a publicar o gênero.

1948 - Mário Quintana expõe em tres versos a posição do negro e classes subalternas no país. É considerado um dos melhores haicaistas brasileiro.

1956 - Millor Fernandes - desconstrói o haicai na revista O Cruzeiro ao radicalizaro humor dos primeiros modernistas. Popularizou o haicai.

1950 -1960
Grupo de jovens poetas paulistas passam a discutir o haicai: Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari na  reivista Invenção abrindo espaço para os haicais experimentais de José Paulo Paes, Pedro Xisto e Paulo Leminski que atualiza o haicai por meio de poemos líricos.

1982 - Encontro Brasileiro de Haicai.

2008 - Vigésima edição do evento.

2013 - Grêmio Haicai Ipê inspirado por Masuda Goga para discutir e traduzir autores e poemas clássicos. Influenciaram o surgimento de agremiações no país.
http://www.kakinet.com/caqui/ipe.shtml

http://www.kakinet.com/concurso/


Século XXI
Os haikaistas brasileiros pouco se dedicam a ética e estética do Zen- budismo. Exceção: Alice Ruiz, Helena Kolody, Olga Savary, Paulo Leminski e Pedro Xisto.

Perseguem a brevidade,  a simplicidade e o humor.
Hoje o haicai é consolidado na literatura brasileira como uma das formas poéticas mais populares  no país.

Alguns haicaistas  brasileiros

Canção matinal
campinas. Vacas turinas
cheiro de curral
                   Abel Pereira (baiano de Ilhéus)


Um grão bem miúdo...
um nada à margem da estrada...
um nada que é tudo.
                   Afrânio Peixoto



Sem saudade de você
sem saudade de mim
o passado passou enfim.
                          Alice Ruiz

Por uma só fresta
entra toda a vida
que o sol enfresta.
              Alice Ruiz

Lembra aquele beijo
corpo, alma e mente?
Pois eu esqueci completamente.
                    Alice Ruiz



ULTRAREALISMO

A vida
limita
a arte
           Carlos Vogt


Libélulas? Qual!
Flores de cerejeira
Ao vento de abril
                Erico Verissimo



OS TRISTES

Em seus caramujos,
os tristes sonham silêncios
que ausência os habita?
                           Helena Kolody


LAR

Espaço que separa
o wolkswagen
da televisão.
              José Paulo Paes

Exilado na multidão
sou silêncio e segredo, e venho
quando os outros vão.
                    Ledo Ivo


Na poça da rua
o vira-lata
lambe a lua
           Millor  Fernandes


Ao luar
como reconhecer a flor da cerejeira?
Deixando-nos guiar pelo seu perfume
                                         Monteiro Lobato


ROTA

Que arda em nós
Tudo quanto arde
o que nos tarde a tarde.
                     Olga Savary

Que distância
não choro
porque meus olhos ficam feios.
                                Oswald de Andrade



Jardim de minha amiga
todo mundo feliz
até a formiga.
              Paulo Leminsky

Sol ( venho cantá-lo)
se entremostre à pedra branca
sob o velho carvalho
                        Pedro Xisto


ESCOMBROS
Casa demolida.
Foi bela. Pensar que nela
houve tanta vida...
                  Waldomiro  Siqueira Júnior


TURISMO SENTIMENTAL
Viajei toda a ásia
ao alisar o dorso
da minha gata angorá...
                     Guimarães Rosa


Fonte:
O livro dos Hai-kais. Trad. Olga Svaary. 2. ed. Aliança cultural Brasil-Japão
Boa companhia - Haicai. Org. seleção e introdução Rodolfo Witzig Gutilla. São paulo: Cia das
Letras, 2009.
ROSA, Guimarães. Magma.

Para saber mais sobre o haicai assista esta reportagem
https://www.youtube.com/watch?v=5-24eF56FFM
              

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Paulo Bomfim

Paulo Bomfim
Poeta brasileiro, membro da Academia Paulista de Letras e Príncipe dos Poetas Brasileiros.
Seu primeiro livro de poemas, Antônio Triste, lançado em 1946, com ilustrações de Tarsila do Amaral, recebeu o Prêmio Olavo Bilac, concedido pela Academia Brasileira de Letras, em 1947.
Foi presidente do Conselho Estadual de Cultura de São Paulo.

Obras literárias

  • Antônio Triste, 1946
  • Transfiguração, 1951
  • Relógio de Sol, 1952
  • Cantiga de Desencontro,
  • Poema do Silêncio,
  • Sinfonia Branca, 1954
  • Armorial, 1956
  • Quinze Anos de Poesia e Poema da Descoberta, 1958
  • Sonetos e O Colecionador de Minutos, 1959
  • Ramo de Rumos, 1961;
  • Antologia Poética, 1962;
  • Sonetos da Vida e da Morte, 1963.
  • Tempo Reverso, 1964;
  • Canções, 1966;
  • Calendário, 1968;
  • Poemas Escolhidos, 1974;
  • Praia de Sonetos, 1981;
  • Sonetos do Caminho, 1983;
  • Súdito da Noite, 1992.
  • Aquele menino (2000).
  • O Caminhoneiro (2000).
  • Tecido de lembranças (2004).
  • Janeiros de meu São Paulo (2006)
  • O Colecionador de minutos (2006).

Fonte: MENEZES, Raimundo de. Dicionário literário brasileiro. 2ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.

Wikipedia



segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Literatura Marginal


LITERATURA MARGINAL PERIFÉRICA


Movimento literário nas periferias do país.

Ressurgimento do discurso identificado com a periferia social, política e econômica.

Filmes tematizam o marginal: cidade de Deus, Madame Satã, O Invasor.

Música feita por e para  excluídos (rap, fenômeno racionais MC’s)

 Produção literária de detentos, pedreiros, , dona de casa: Diário de um detento; Carandiru; 

 Globo:  Série Cidade dos Homens.

 Características

Experiência vivida transposta nas narrativas. Registro vocabular.

Gírias e neologismos (cuja origem está na fala).

(marcas escritas da experiência).

Referência ao dialeto periférico.

2) Entre as finalidades

Mostrar um caminho.

Servir de exemplo e sugestão para os “manos” e “minas”

(posição solidária aos interesses do povo).


A literatura

O valor estético atribuído à literatura pela cultura letrada não serve para esse caso.

 Experiência de vida.

Memória ressentida( mágoa, sentir outra vez)  nos dois sentidos da produção da produção.

 Fator que mais sustenta os poemas: contos, romances e letras de música.

Lembranças individuais, coletivas, do trabalho, nostalgias da prisão e da liberdade, memórias do bairro, da infância, da violência.

 A rememoração ressentida sustenta a reindicação e serve como prova dos fatos.

 É uma referência histórica que não pode ser apagada.

 Seus heróis: mortos em chacinas, nos levantes populares, nas enchentes.

 O que querem dizer é simples: a histórica sacanagem não foi esquecida, vem à tona com força, mostrando que talvez não sejamos tão desmemoriados assim. Ninguém esquece um tapa na cara, seja ele dado por outra pessoa ou pela sociedade.

Ousadia do pobre – criar, pensar, sonhar.  Problemática sob o prisma da crítica estabelecida.

 Por outro lado

A exaltação dessa produção revela o peso na consciência da classe média.

 Periférica, urbana, traz em si elementos que referem-se à cidade e à sociedade como um todo transcendendo à localidade à qual se inserem.

Pois
Ao representarem à periferia, favela ou presídio a partir do que lhes oprimem ou querem tornar visível acabam dialogando ou atacando os elementos externos a eles.

 O que pensam, como pensam, o que representam um modo de ser e sentir do sujeito periférico atual.

 As narrativas expressam os caminhos encontrados ou rebuscados para o enfrentamento da miséria social e do descaso público.

Fonte:
(Rev Caros Amigos  Ano VIII N. 91 outubro 2004)

A poesia era tratada como uma dama pelos intelectuais, hoje vive se esfregando pelos cantos dos subúrbios.
          Sérgio Vaz (poeta e fundador da Cooperifa)

 O poema que desfilava pela academia, de terno e gravata, proferindo palavras de alto calão para platéias desanimadas, hoje, anda sem camisa, feito moleque pelos terreiros.

 Dizem por aí que alguns sábios não estão gostando nada de ver a palavra bonita beijando gente feia.

 Não é o Alice no país da marvilha, mas também não é o inferno de Dante. É só o milagre da poesia. (Sergio Vaz)

 Uma literatura[...] cuja escrita é usada como arma que veio para atacar.
BENEVUTO, Silvana José.
Literatura Marginal e sua representação na sociedade.

 Construir a história do negro, do pobre e do marginal

 Incita nos sujeitos periféricos a auto-valorização de sua própria cultura

 É a voz do narrador social[...] que ressoa a realidade histórica e social [...] trazendo consigo o pensamento social predominante naquele contexto e situação social que lhe são específicos.

 Literatura e sociedade são indissociáveis, uma vez que toda arte traz consigo elementos que são de seu tempo histórico e social.

 Apreende o pensamento de sociedade que possuem nossos narradores sociais

 A possibilidade de absorver o pensamento social destes narradores poderá contribuir para a compreensão da perspectiva social e política do sujeito periférico de hoje.

 A obra de arte [...] traz  a realidade social na qual se insere (Walter Benjamim)

 A realidade histórica aprece refletida na forma e no conteúdo dos textos (cic)

O termo marginal é representado por um grupo que quer se diferenciar pela luta por cultura na periferia [...] que demonstra um intuito social de reclamar  pela situação de descaso político e pela marginalização sócio-cultural a que são submetidos e se fazerem visíveis. (Ferrez)

 Estamos [...] na favela, no bar, mas antes  somos literatura, e isso vocês podem negar, podem fechar os olhos, virar as costas ,  mas, como já disse, continuaremos aqui, assim como o muro social invisível que divide esse pais .

 Fontes:
FERREZ (Org.). Literatura Marginal: talentos da escrita periférica. Rio de Janeiro: Agir, 2005

 Sergio Vaz (organizador  do sarau da Cooperifa)


Mario Quintana


Mário de Miranda Quintana
(Alegrete, 30 de julho de 1906 — Porto Alegre, 5 de maio de 1994)
 Foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro.
Considerado o poeta das coisas simples.
Estilo marcado pela  ironia,   profundidadeperfeição técnica;
Traduziu mais de cento e trinta obras da literatura universal, entre elas Em busca do tempo perdido de Marcel Proust, Mrs Dalloway  de Virginia Woolf e Palavras e Sangue, de Giovanni Papini.
Em 1980  recebeu o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra.
Em 1983, atendendo a pedidos dos fãs gaúchos do poeta, o governo estadual do Rio Grande do Sul adquiriu o prédio do Hotel Majestic  e o transformou em centro cultural, batizado  como Casa de Cultura Mario Quintana.
 

Obra poética
A Rua dos Cataventos. Globo, 1940.
Canções - Porto Alegre, Editora do Globo, 1946.
Sapato Florido.  Porto Alegre, Editora do Globo, 1948.
O Aprendiz de Feiticeiro - Porto Alegre, Editora Fronteira, 1950.
Espelho Mágico - Porto Alegre, Editora do Globo, 1951
Inéditos e Esparsos - Alegrete, Cadernos do Extremo Sul, 1953.
Poesias - Porto Alegre, Editora do Globo, 1962.
Caderno H -  Porto Alegre, Editora do Globo, 1973.
Apontamentos de História Sobrenatural - Porto Alegre, Editora do Globo / Instituto Estadual do Livro, 1976.
Quintanares- Porto Alegre, Editora do Globo, 1976.
A Vaca e o Hipogrifo - Porto Alegre, Garatuja, 1977 - Porto Alegre, L&PM, 1980.
Baú de Espantos - Porto Alegre - Editora do Globo, 1986
Preparativos de Viagem - Rio de Janeiro - Editora Globo, 1987.
Da Preguiça como Método de Trabalho - Rio de Janeiro, Editora Globo, 1987.
Porta Giratória - São Paulo, Editora Globo, 1988.
A Cor do Invisível - São Paulo, Editora Globo, 1989.
Velório Sem Defunto - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1990.
Água - Porto Alegre, Artes e Ofícios, 2011
Passarinho - São Paulo, Para gostar de ler 41 , Editora Ática, 2006.
Livros infantis
O Batalhão das Letras - Porto Alegre, Editora do Globo, 1948.
Pé de Pilão - Petrópolis, Editora Vozes, 1968
Lili inventa o Mundo - Porto Alegre, Mercado Aberto, 1983.
Nariz de vidro - São Paulo, Editora Moderna, 1984.
 
 Fonte: wikipedia
 Todos eles que aí estao
 atravancando o meu caminho,
 Eles passarao...
 Eu passarinho!
                           Mário Quintana
 
A amizade é um amor que nunca morre.
                                                    Mário Quintana
 
Ás vezes a gente pensa que está dizendo bobagens e está fazendo poesia.
                                                                        Mário Quintana


 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

 

 

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Mia Couto


                                 MIA COUTO

Pseudônimo de Antonio Emílio Leite Couto 

Nasceu na cidade de Beira, em Moçambique (costa oriental africana) em 5 de julho de 1955.

Um dos autores mais importantes e traduzido em vários idiomas

Foi o primeiro africano a vencer o prêmio União das Literaturas Românticas



 Mia Couto apresenta em sua obra inúmeras situações com referências aos mitos, às lendas, ao folclore  e a identidade do seu país e  povos africanos.
 
Sua obra mostra o conflito entre a imposição dos valores coloniais e os valores tradicionais, que, mesmo reprimidos, conseguiram se preservar por meio de situações que os colonizadores jamais conseguiram dominar ou compreender

Mia Couto é considerado o Guimarães Rosa da África

Terra sonâmbula foi considerado um dos doze melhores livros africanos do século 20

Fonte:
http://www.contioutra.com/dez-inesqueciveis-poemas-d

quarta-feira, 1 de julho de 2015

ESCRITORES ANIVERSARIANTES MÊS DE JULHO

INÁCIO DE LOYOLA BRANDÃO
(31/07/1936  [Araraquara] - )

Contista, romancista e jornalista.

Obras
Depois do sol (1965);
Bebel que a cidade comeu (1968);
Zero (romance) - 1975 (proibido pela censura até 1979);
Cadeiras proibidas (1976);
Pega ele, Silêncio(1976);
Dentes ao sol (1976)
Obscenidades de uma dona de casa (1981);
Não verás país nenhum (1981)

Cabeças de segunda-feira (1983);
O Beijo não vem da boca (1985)
O Homem de furo na mão (1987);
O Ganhador (1987)
A rua de nomes no ar (1988);
Strip-tease de Gilda (1995);
O Anjo do adeus (1995);
Sonhando com o demônio (1998);
O Homem que odiava segunda-feira (1999);
A altura e a largura do nada (2006);
O Menino que vendia palavras 2008).



HENIQUETA LISBOA
(15/07/1901 [Lambari] - 9/10/1985 [Belo Horizonte]).

Poetisa e ensaísta.
Recebeu diversos prêmios, entre eles o Prêmio Machado de Assis da ABL.
Obras

Fogo fátuo (publicado aos 21 anos.

Infantil
O menino poeta (1943);
Lírica (1958).


GUILHERME DE ALMEIDA
(24/07/1890 [Campina] - (11/07/1969 [São Paulo])

Foi advogado, jornalista, crítico de cinema, poeta, ensaísta e tradutor brasileiro.
Divulgou o poema Haikai no Brasil.
Primeiro modernista a entrar para Academia Brasileira de Letras em 1930;
Combatente na Revolução constitucionalista de 1932.
Foi sepultado no Mausoléu do soldado constitucionalista  no Parque Ibirapuera;

Obras
Nós
A Dança das horas(1919);
Messidor (1919).


segunda-feira, 1 de junho de 2015

JOSÉ LINS DO REGO

José Lins do Rego
(3/06/1901- 12/09/1957)

Escritor brasileiro que ao lado de Graciliano Ramos, Jorge Amado, Guimarães Rosa e José Candido de Carvalho figura como romancista regionalista.

José Lins do Rego escreveu cinco livros nomeados  "Ciclo da Cana- de- Açúcar", em referência  a decadência do engenho açucareiro nordestino nas primeiras décadas do século 20:

1) Menino de engenho (1933);
2) Doidinho;
3) Banguê(1934);
4) Moleque Ricardo (1935);
5) Usina (1936).

"Cortava-me a alma a saudade do meu engenho" (Menino de Engenho).

Suas obras são um marco na história da literatura regionalista por representar o declínio do Nordeste canavieiro.

Fogo morto (1943)  é visto pelo crítico Massaud Moisés como "uma das obras mais representativas não só dos anos 30 como de todo o Modernismo".

Segundo o escritor Gonçalo Junior existe uma semelhança de temas entre a segunda parte do livro com a trama  da obra Cem Anos de Solidão do Colombiano Gabriel Garcia Marquez.

 Otto Maria Carpeaux  escreveu que todo o universo da casa-grande, da senzala dos senhores de engenho e etc. não "existirão nunca mais a não ser nos romances de José Lins do Rego".

Obras do autor:
Romances
Menino de engenho (1932)
Doidinho (1933)
Bangüê (1934)
O Moleque Ricardo (1935)
Usina (1936)
Pureza (1937)
Pedra bonita (1938)
Riacho doce (1939)
Água-mãe (1941)
Fogo morto (1943)
Eurídice (1947)
Cangaceiros (1953)
Histórias da velha Totonha (1936)
Meus Verdes Anos (memórias) (1956)
Coletânea de Crônicas
Gordos e magros (1942). Rio de Janeiro, Casa do Estudante do Brasil.
Poesia e vida (1945). Rio de Janeiro, Universal.
Homens, seres e coisas (1952). Rio de Janeiro, Serviço de documentação do Ministério da Educação e Saúde.
A casa e o homem (1954). Rio de Janeiro, Organização Simões.
Presença do Nordeste na literatura brasileira (1957). Rio de Janeiro, Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Saúde.
O vulcão e a fonte (1958). Rio de Janeiro, O Cruzeiro.
Dias idos e vividos - antologia (1981). Seleção, organização e estudos críticos de Ivan Junqueira. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.
Ligeiros Traços: escritos de juventude (2007). Seleção, organização e notas de César Braga-Pinto. Rio de Janeiro: Editora José Olympio.
Flamengo é puro amor: 111 crônicas escolhidas (2008). Seleção, organização e notas de Marcos de Castro. Rio de Janeiro: Editora José Olympio24 .

Prefácios
Caminhos do Pajeú, Luís Cristóvão dos Santos, 1955

Infanto-juvenil
Histórias da Velha Totônia (1936). Rio de Janeiro, José Olympio.

Filmografia
Menino de engenho (1965). Produção: Glauber Rocha e Walter Lima Júnior. Direção: Walter Lima Júnior.
José Lins do Rego (documentário). Prêmio do Instituto Nacional do Cinema como a melhor direção de curta-metragem em 1969.
José Lins do Rego (curta-metragem). Produção: José Olympio Editora. Direção: Walter Lima Júnior.
Fogo morto. Produção: Miguel Borges. Direção: Marcos Faria.
José Lins do Rego: Engenho e Arte (documentário).Produção: [[TV Escola]. Direção: Hilton Lacerda. TV Escola: José Lins do Rego.
O Engenho de Zé Lins (documentário, 2006). Produção e direção: Vladimir Carvalho. Prêmio de Melhor Montagem no Festival de Brasília de 2006.

Acessem também:

MUSEU JOSÉ LINS DO REGO
http://www.youtube.com/watch?v=tdF-vaC6QJ4

ENGENHO E ARTE
http://www.youtube.com/watch?v=tEBKBBhM81E&list=PLXfFiE2hM1UviD-bsL39ndxraUz9M6pS4

Fogo morto
https://www.youtube.com/watch?v=Y-gAypkpXYc

Menino de engenho
https://www.youtube.com/watch?v=4Ic4DNPndPA


Fonte: wikipédia
            Gonçalo Júnior. Tempo de rever José Lins do Rego. Diário de
             São Paulo, 2 jun 2011, p. 22

sexta-feira, 29 de maio de 2015

LYGIA FAGUNDES TELLES

http://www.academiapaulistadeletras.org.br/documentários/281-documentário-sobre-ligia-fagundes-telles-27-06-11.html


Lygia Fagundes Telles nasceu no dia 19 de abril de 1923, na cidade de São Paulo.

Considerada  uma das mais engajadas escritoras da literatura brasileira, Lygia Fagundes Telles transita entre a realidade e o universo fantástico.

 


“(...) Ouça, Virgínia, é preciso amar o inútil. Criar pombos sem pensar

em comê-los, plantar roseiras sem pensar em colher as rosas, escrever

sem pensar em publicar, fazer coisas assim, sem esperar nada em troca.

Ciranda de Pedra


 Seu primeiro livro, Porão e Sobrado,foi  escrito aos quinze anos. Eembora tenha graduado-se em Direito e Educação Física na Universidade de São Paulo dedicou grande parte de sua vida à produção de  romances e contos.

Na realidade o amor é uma coisa tão simples... Veja-o como uma flor que nasce e morre em seguida porque tem que morrer.

(Verão no aquário)

Como Clarice Lispector, investigou o universo feminino . A mulher é figura central na obra da escritora e, por meio das técnicas do fluxo de consciência e do monólogo interior, fez delas as protagonistas de suas histórias.

Mas não quero resposta, quero ficar só. (...)  Enriqueço na solidão: fico inteligente, graciosa."

(As meninas)
Praia Viva, publicado no ano de 1944, foi seu livro  de estreia.
 

Associada à geração modernista de 1945, tendo os escritores Rubem Braga, Dalton Trevisan, Clarice Lispector e Carlos Heitor Cony como contemporâneos.
 
Temática: feminina mas também trilha pela literatura fantástica.Nos contos A caçada, Venha ver o pôr do sol e As formigas, ultrapassa a fronteira do real .

Membro da Academia Brasileira de Letras desde 1987,  ocupa a cadeira de número 16.
 
Recebeu diversos prêmios, entre eles o Jabuti  e o Prêmio Camões.
 
Principais obras de Lygia Fagundes Telles:

Porão e Sobrado, contos, 1938.
Praia Viva, contos, 1944.
O Cacto Vermelho, contos, 1949.
Ciranda de Pedra, romance, 1954.
Histórias do Desencontro, contos, 1958.
Verão no Aquário, romance, 1964.
Histórias Escolhidas, contos, 1964.
O Jardim Selvagem, contos, 1965.
Antes do Baile Verde, contos, 1970.
As Meninas, romance, 1973.
Seminário dos Ratos, contos, 1977.
Filhos Prodígios, contos, 1978.
A Disciplina do Amor, contos, 1980.
Mistérios, contos, 1981.
Venha Ver o Pôr do Sol e Outros Contos, 1987.
As Horas Nuas, romance, 1989.
A Noite Escura e Mais Eu, contos, 1995.
Biruta, contos, 2004.
Histórias de Mistérios, contos, 2004.
Conspiração de Nuvens, contos, 2007.
Passaporte para a China, contos, 2011.

Fonte:
CASTRO, Luana( Graduada em Letras)


Resumo de alguns contos

Os objetos  narra o diálogo entre o marido e sua mulher sobre os objetos comprados, os seus valores e suas representações. Como o peso de papel que só tem função se está sobre papéis e um anjinho que só tem valor quando tocado, pois ganha vida.

Verde lagarto amarelo fala sobre dois irmãos, o mais velho, Rodolfo, e o caçula, Eduardo. O mais novo sempre foi o preferido da mãe, e o mais velho vivia a serviço do querer dele por intervenção da mãe. O mais velho sempre mais calado e quieto cresceu e vivia sozinho; a única coisa que sentia ter como sua era a escrita, ele era escritor. Já o mais novo era casado, animado. Foi numa visita que fez ao irmão que lhe declarou também ter escrito um romance, roubando assim a única coisa pertencente ao irmão mais velho.

Apenas um saxofone é a história de uma mulher velha e rica. Tinha um homem rico que a sustentava, um jovem que lhe satisfazia e um professor espiritual com quem dormia. Possuía jóias, tapetes e uma mansão, no entanto vivia infeliz. Vivia na saudade do seu grande amor, um saxofonista que se dedicara a ela completamente, ela era a música dele. Ele tocava com paixão o saxofone e assim mantinha a mulher. Mas a relação se desgastou a ponto dele ir embora enojado. E assim ela vivia só com a lembrança.

Helga fala de um jovem do sul do Brasil que vivia em férias na Alemanha, logo assumindo uma vida alemã. Em uma das férias passou pela guerra, não seria mais aceito no Brasil. Vivia ali de uma espécie de tráfico de alimentos. Foi lá que conheceu Helga, uma alemã por quem se apaixonou, ela tinha uma cara perna ortopédica. Chegou a noivar, o pai dela propôs que iniciassem o tráfico de penicilina, mas faltava o investimento inicial. Foi assim que ele casado com Helga roubou-lhe a perna ortopédica e desapareceu voltando, tempos depois, rico para o Brasil.

O moço do saxofone narra a história de um chofer de caminhão que se instalou em uma pensão. Nela viviam inúmeros anões e uma mulher com seu marido que era saxofonista, um homem traído e conformado. Na pensão havia quartos separados, quando a esposa estava com outro homem o marido tocava o saxofone de uma forma deprimente, isso incomodava de mais o chofer. Quando ele se encontrou com a mulher do saxofonista marcaram um encontro. Ela explicou qual era a porta, no entanto quando ele chegou teve com o saxofonista, conformado como era indicou a direção e ao ser questionado do por que não fazia nada afirmou que tocava o saxofone. Com isso o chofer partiu da pensão.

Antes do baile verde narra a preparação da jovem Tatisa para o carnaval. Com ajuda da sua empregada pregavam, nos últimos minutos, as lantejoulas na saia da moça, nesse momento a empregada se inquietava, pois iria se atrasar para o encontro com seu homem e também discutiam o fato de que o pai de Tatisa vivia seus últimos minutos. Ainda antes de sair, a menina duvidosa da proximidade da morte do pai, desejava ir ao baile. Assim, as duas saíram à porta deixando o pai de Tatisa desfalecendo.

A caçada fala de um homem que visitando uma loja de antigüidades encontra uma tapeçaria velha onde encontra alguma lembrança que não reconhece. Torna-se preso à imagem e se sente como personagem da caçada que ela ilustrava. Passou a ir à loja com freqüência para observar a peça e foi na frente dela que teve um ataque cardíaco.

A chave fala de um casamento saturado, onde Tom e sua mulher se arrumam para um jantar, enquanto ele insatisfeito reclama e pensa na inutilidade desses jantares e no quanto gostaria de ficar ali dormindo.

Meia noite em ponto em Xangai narra a noite de uma cantora que alcança o momento de brilho de sua carreira em um concerto na China. Recebe em casa, depois do show, seu empresário e conversam sobre a carreira dela e sobre a desumanidade dos empregados dali. Porém, depois que o empresário se vai a cantora junta a seu cachorrinho e se aterrorizam com a escuridão e com a suposta presença do empregado no aposento.

A janela narra a conversa entre um homem e uma mulher. O homem chega ao quarto da mulher, se aproxima da janela dizendo que seu filho morrera ali e que na janela havia uma roseira que seu filho amava. A mulher o questiona, mas ele pouco responde, preso à lembrança do filho. A mulher então lhe oferece um refresco ao que ele aceita, mas quando ela retorna ao quarto vem acompanhada de médicos, ele lhe pergunta o motivo e sem necessidade da camisa de força os médicos o levam embora.

Um chá bem forte e três xícaras fala da espera de uma mulher, enquanto observa uma nova borboleta em uma rosa, por sua convidada ao chá, uma jovem de 18 anos que trabalha com seu marido. A empregada que está com ela pergunta se tal moça é a que liga atrás do patrão e ela afirma que sim. Depois, limpando as lágrimas, a mulher caminha até o portão para receber a jovem que vem chegando, enquanto a empregada vai buscar o chá e três xícaras, caso o patrão venha também.

O jardim selvagem fala sobre o chamado Tio Ed casado com Daniela, um jardim selvagem. A princípio, em confidência com a sobrinha, a Tia Pombinha, irmã de Ed, desaprova o casamento, dizendo que Daniela vive constantemente com uma luva em uma das mãos a qual ninguém vê. No entanto, depois de conhecê-la a acha um amor. Depois de um tempo a empregada da casa conta à sobrinha de Ed que viu Daniela matar o cachorro da casa com um tiro na cabeça, essa afirmava que só lhe poupou da dor que a doença lhe causava. Por isso, a empregada havia pedido até demissão. Dias depois chegou a notícia que Ed estava doente e, mais tarde, que ele se matara com um tiro na cabeça.

Natal na barca narra o diálogo de uma senhora com uma mulher em uma barca que cruza o rio no dia de natal. A mulher trás no colo o filho doente a quem está levando ao médico, durante a viagem ela conta a senhora de como perdeu o filho mais novo quando ele pulou do muro intencionando voar e como o marido a abandonou mandando uma carta depois. A senhora, sem saber o que dizer, arruma a manta do bebê e percebe que ele estava morto, nesse ponto a embarcação chega e ela se precipita pra descer não querendo ver a dor da mulher. Porém, assim que descem o bebê acorda e a senhora vê a mãe e a criança partirem.

A ceia trata da despedida de dois amantes em um restaurante. A mulher desesperada e apaixonada tristemente suplica para que o homem a visite, mas ele afirma que acabou. No entanto, diz que foi bom durante todo o tempo e não quer romper como inimigos. Ela assume um ar sarcástico e o questiona sobre a noiva, depois lhe pede que vá embora, partindo sozinha.

Venha ver o pôr-do-sol fala da história de um casal que depois de um tempo que já haviam rompido o relacionamento, devido às súplicas do homem se reencontram. Ricardo marca um encontro no cemitério, Raquel vai relutante e assim conversando ele a conduz até o jazigo que dizia ser de sua família. Ele a leva até lá a fim de mostrar, no túmulo, a fotografia da sua prima que tinha olhos parecidíssimos com os de Raquel. Quando entra no jazigo Raquel vê que a data da morte da moça era muito antiga para ter sido prima de Ricardo, mas a esse ponto ele já havia fechado o jazigo, trancou até a fechadura e depois foi embora, enquanto crianças brincavam na rua.

Eu era mudo e só fala sobre um homem oprimido pelo casamento que o afastou dos amigos. A mulher, criada na perfeita educação das aparências, também passa isso para a filha Gisela. Ele abandonara o jornalismo e se tornara sócio do sogro no ramo de máquinas agrícolas apenas para manter o padrão que Fernanda exigia.

Pérolas fala sobre Tomás e Lavínia, que são casados. Ela se prepara para uma reunião e ele sentado observando-a se arrumar já imagina o que acontecerá na reunião, vê a mulher com Roberto na sacada, próximos, sem palavras, mas sabendo que se amam. Ele fica incentivando-a a ir. Quando ela procura o colar de pérolas, para finalmente ir para a reunião, não o encontra. Ele o escondera para diminuir a realidade do que aconteceria na sacada, mas quando ela estava na calçada ele diz achar o colar e o entrega a Lavínia.

Menino narra a ida do menino e sua mãe ao cinema. Enquanto caminham ele vai orgulhoso por causa beleza da mãe. Quando chegam ao cinema, ela, que caminhara apressada na rua, se demora na porta do cinema e manda o menino comprar doces. Finalmente entram na sala e passam por muitos acentos com vaga para duas pessoas até que chegam a um com lugar para três. O filme começa e o menino reclama da enorme cabeça na sua frente, ele tenta mudar de lugar, mas a mãe não deixa, até que se senta na cadeira vaga um homem. Depois de alguns momentos a cabeça que o atrapalhava sai do acento e nessa hora ele vê a mãe de mãos dadas ao estranho do lado. Daí para frente a imagem da mão branca da mãe e da mão morena do homem o perturba. Pouco antes do fim do filme o homem parte. Ele e a mãe vão embora, ela alegremente. Chegando a casa encontram o pai e o menino então chora.
 
Fonte:
Rebeca Cabral

 

 

 

quarta-feira, 13 de maio de 2015

O NEGRO NA LITERATURA BRASILEIRA

O Negro na literatura Brasileira

Século XVII – versos satíricos de Gregório de Matos.

Literatura sobre o negro (Negro como objeto);
Negro ou descendente é personagem com aspectos ligados à vivência do negro na realidade histórico-cultural do Brasil (assunto ou tema);
Presença mais  significativa no século XIX;
Visão estereotipada até a atualidade.

Estereótipos
1)Escravo nobre vence por força do branqueamento embora à custa de sacrifício e
humilhação.
Ex.: A escrava Isaura (1872) de Bernardo Guimarães e Raimundo de O mulato (1881). Mulato de olhos azuis de Aloísio de Azevedo. Denúncia do preconceito; desconhece que a mãe era escrava.
2) Negro como vitima;
3) Exaltação da liberdade e causa abolicionista;

Perspectiva idealizante do Romantismo
Castro Alves -  Navio Negreiro (destaca a desumanidade que marcava o tráfico de escravos já abolido. Apela aos heróis do novo mundo Andrada e Colombo.
Ênfase na vingança (A criança e Bandido Negro).
Luta individualizada, nunca no problema central (luta pela liberdade) quando Palmares e outros colombos já existiam.
Não foge a tônica do seu tempo mas não consegue livrar-se das marcas da cultura escravista.
Indignação sobre o sofrimento do negro.
Necessidade da nação livrar-se da escravidão.
Negro coisificado
Campanha sobre a condição humana.
Liberdade – ideal da ideologia dominante.
Não dá voz ao negro.
Comporta-se como um advogado de defesa.

Fagundes Varela – Mauro, o escravo.Valoriza o negro, mas não consegue afastar da tendência ao branqueamento.
Negro infantilizado, serviçal e subalterno:
O demônio familiar (Jose de  Alencar)
 O cego (Joaquim Manoel de Macedo)

Permanece o estereótipo associado a animalização na figura de Bertoleza do romance
 O cortiço (1900) de Aloisio de Azevedo.
Negro como personagem secundário
O calhambola – de Trajano Galvão de Carvalho. Centra num escravo orgulhoso, mas resignado.
As vitimas algozes (1873-(1896) – Joaquim Manoel de Macedo. Escravo demônio tornado fera por força da escravidão.
Mota coqueiro(1877) – José do Patrocinio.
O rei negro – Coelho Neto.
A familia Medeiros (Julia Lopes de Almeida.

De fera a pervertido
O bom crioulo(1885) –  de Adolfo Caminha.
História de homossexualismo, corajosíssima para época.
A carne(Júlio Ribeiro) segundo o narrador a liberação dos instintos de Lenita se deve a promiscuidade com os escravos.
Considera a raça negra  inferior:
O presidente negro – Monteiro Lobato.

Instinto Lírico
Juca Mulato (1917) – Menotti Del Picchia.
Atitude vanguardista.
Demonstração de que os mulatos também sentem.
Negro ou mestiço erotizado ou objeto sexual presente desde Rita Baiana (O cortiço) e mulato Firmo.
Nega Fulô ( Jorge de Lima).
Poemas da negra (Mário de Andrade)  se suaviza.
Especial destaque nas mulatas de Jorge Amado.
Contribui para visão valorizadora da presença do negro na cultura brasileira embora não consiga escapar das armadilhas do estereótipo.
Jubiabá(1955) – ingênuo e simples Jubiabá.
Infantilizada e instintiva Gabriela (Gabriela Cravo e Canela).

Literatura espelho (realismo).
Negro exilado na cultura brasileira.
Urucungo (1933)  Raul Bopp.

Até os anos 60 prevalecia da visão estereotipada
Paralelo: textos compromissados com a real dimensão da etnia.
Corpo vivo – Adonias Filho- negro fiel Setembro, símbolo da antiviolência, responsável pela educação cristã do herói Cajango antes da preparação deste para a vingança.
O Forte (1965) – negro Olegário. Ele é a memória. Drama humano do Forte em torno de Salvador e o fundo histórico de salvador em torno de ambos.

Visão integradora
Luanda Beira Behid (1971) – trágica história de amor passada nesses três espaços geográficos. Destaque: estereótipo da morena sensual na personagem Luta.

Literatura denúncia
Contos de Edilberto Coutinho.
Trazem negro injustiçado e ressentido.
O fim de  uma agonia.
O rei nu – mitificação e desmitificação do negro Pelé
"Tem explicação doutor"? Consciência desesperada do negro jogador de futebol e joguete na mão dos empresários.
Navio negreiro  - novo passageiro
Mulher na jogada contraste entre a negra favelada que ganha fama e paga caro por isso e a branca privilegiada e nobre.
Um negro vai à forra ( não evita o estereótipo. Personagem negro Bira, marginal, violento, passional agressivo.
Teatro Auto da compadecida  - estranhamento de João do grilo diante da caracterização do Cristo negro.
O Orfeu negro Vinicius atualiza e carioquiza a tragédia grega ao transpô-la para a realidade urbana do Rio de Janeiro e a etniza simpaticamente, destacando a relação entre o negro e a musica brasileira.

Autores contemporâneos
Aspectos da realidade sociocultural. Década de 1980 obras preocupadas no resgate da figura do negro:
Os tambores de São Luis (1985) – Josué Montello pretende valorizar a grande saga do negro brasileiro. Exemplo de consciência negra(personagem negro dividido entre o mundo branco circunstancial e o mundo de sua ancestralidade e etnia.

Tentativa de atitude revalidadora da historia do negro
Viva o povo brasileiro (1984) – João Ubaldo Ribeiro
Busca através da arte literária a caracterização da gente do Brasil na formação do país.
Destaca a luta permanente pela liberdade.

Discurso do negro em ambiente brasileiro
José Lins do Rego - seus livros contam histórias de usinas onde o braço negro tem atuação relevante.

Distanciamento
Escritores negros e mestiços; matéria negra é eventualmente tratada.
Domingos Calda Barbosa (1740) filho de pai português e mãe africana -  De Viola de lereno.
Gonçalves Dias expressão da poesia do romantismo. Filho de pai português e mãe cafuza. A escrava(1846) A meditação (1849).

Denunciamento da situação de opressão; referências sutis.
 O horto (1900) . Areta de Souza (1876-1901) formada em colégio de religiosas francesas
Mario de Andrade (mulato) 1893-1945. Obra com passagens reveladoras de uma posição dividida. Meditação do Tietê referencia a vinculação com a etnia. Poesias completas. Poemas da negra – exalta a beleza da raça à luz da relação amorosa valorizadora. O herói Macunaíma nasce preto e vira branco.
Jorge  de Lima Serra da barriga (poema) – contribuição africana às comidas da Bahia da beleza da mulher negra mesmo na condição de escrava mas associada  a imagem destruidora de lar e ladra por força da sua sensualidade.

Praticas religiosas
Benedito calunga obambá e Batizado visão simpática mas distanciada e não comprometida com a bandeira da libertação. Negro como individuo.

Machado de Assis
Uns defendem que o fato de um mulato ter se tornado o maior dos escritores brasileiros é signifiativo para a causa da etnia, embora na sua obra não haja nenhuma assunção ideológica nesse sentido.
Outros criticam a ausência em seus textos da problemática do negro positiva e vergastam o seu branqueamento numa atitude racista.
Outros:  crítica mordaz da sociedade brasileira de seu tempo revela um modo de participação que o vincularia a uma certa literatura denúncia.
Literatura indiferente a problemática dos negros e descendentes.
Contos de Machado que envolvem escravos:
O caso da vara  - pai contra mãe, não centralizam na questão étnica mas no problema do egoísmo humano e da tibieza de caráter.
Negros e mestiços participam como figurantes em historias que refletem a realidade social retratada:
Crônica (texto  de 19/05/1888)
Na poesia visão negativa associa-se às qualidades do ideal e ao negro os mesmos aspectos dolorosos que vincula à Africa de origem.

Cruz e Sousa (poeta do simbolismo, negro, filho de escravos alforriados e educação ganha dos senhores dos seus pais, sofreu a violência do preconceito de assumir o cargo de Promotor Público em Laguna, deixa entrever nas obras marcas do conflito.


 Luta contra a opressão racial (jornalzinho O moleque) - deixa nove poemas e dois textos em prosa comprometidos com a causa abolicionista.
 Na literatura posição dividida e conflitada O emparedado em evocações. Alfredo em Emparedado lança o seu protesto contra os argumentos da ideologia dominante no discurso antropológico. Fenômeno notável de resistência cultural pelo qual o drama de uma existência sobe ao nível da consciência inconformada e se faz discurso.

No ambiente do distanciamento predomina o estereótipo
O personagem negro ou mestiço - ganha presença ora como elemento perturbador do equilíbrio familiar ou social ora como negro heróico, ora como negro humanizado amante, força de trabalho produtivo, vitima sofrida de sua ascendência elemento integrador da gente brasileira.Zumbi e a saga quilombola não habita destaques nesse espaço.

Literatura do Negro
Os protagonistas de romances e poemas são mulatos, a fim de que o autor possa dar-lhes traços brancos e, deste modo, encaixá-los nos padrões da sensibilidade branca.
Poetização da figura do negro - configurada nas manifestações literárias do século XIX
Segundo A Candido conseguiu impor a dignidade humana no negro.
Passou a ser uma via de saida confortável para o preconceitro presente na realidade brasileira na medida em que acabou escoando na aceitação do negro e do mestiço do negro reconhecendo como tal enquanto emocionalmente e socialmente bem comportados, que, como Isaura, sabem reconhecer o lugar que socialmente lhes foi imposto.
Tal imagem vem se diluindo na luta pelo afirmamento cultural e devida integração do negro à sociedade brasileira para além dos estereótipos e das distorções.

Negro como sujeito - atitude compromissada.
Literatura do negro
Luis da Gama (1850-1882) filho de africana com fidalgo branco.
Primeiro a falar em versos do amor por uma negra. Destacado por estrofes . ("Bodarrada"   e "Quem sou eu".
Lima Barreto (1881-1922) - obra vinculada à realidade social urbana e suburbana do Rio de Janeiro.
Destaque: Clara dos Anjos (1922). História de uma mulata filha de um carreteiro, iludida, traída, sofrida por causa de sua cor. Texto denuncia do preconceito. A fala final, impotente diante da angustia impacta pelo tom desesperançado: "nós não somos nada nesta vida".
Recordações do Isaías Caminha - a declaração também se revela com realismo carregado de vivencia pessoal.

(1930-1940)  - Posicionamento Engajado
(1960) - Grupos de escritores assumidos como negros ou descendentes - Continua nos  anos de 1970  e  no curso de 1980.
(1990) -  Afirmação cultural da condição negra na realidade brasileira -  continua na atualidade embora com menos repercussão publica.

Inicio do século XXI
Posição literária relacionada com os movimentos de conscientização dos negros que marcam preocupação com a causa do negro brasileiro.


Machado de Assis
Uns defendem:
1)O  fato de   um mulato ter se tornado o maior dos escritores brasileiros é significativo para a causa da etnia, embora alguns achem que sua obra não demonstre nenhum aspecto nesse sentido;
2) Outros criticam  a ausência em seus textos  da problemática do negro positiva;
3) A crítica da sociedade brasileira de seu tempo revela um  modo de participação que o vincularia à literatura de denúncia;
4) Literatura indiferente a problemática dos negros e descendentes.

Contos de Machado de Assis que envolvem escravos:
"O caso da vara" - pai contra mãe, não centralizam na questão étnica mas no problema do egoísmo humano e no caráter;
negros e mestiços participam como figurantes em histórias que refletem a realidade social retratada:
"Crônica" (texto de 19/05/1888)

Poesia
Visão negativa associa às qualidades do ideal e ao negro os mesmos aspectos dolorosos que vincula à África de origem;
Luta contra a opressão racial (Jornalzinho O Moleque)- nove poemas e dois textos em prosa  comprometidos com a causa abolicionista.

Periódicos especializados

Menelink (1915-1935)
O clarim da alvorada (1924-1937)
1931
 Frente Negra Brasileira
Interregno da ditadura de Getulio
1945
Mundo Novo
Novo Horizonte
Alvorada
Associação de negros brasileiros
1944
Teatro experimental do negro
Destaque : Abdias do Nascimento
1968
Museu de Arte Negra
1978
 Fundação do movimento Unificado contra a discriminação racial (MNUCAK)
Movimento Negro Unificado (MNU)
Centro de cultura e Arte negra (SP)
Oficial
1980 - Fundação palmares
Escritores negros e descendentes - comprometimento com a etnia
Precursor
Lino Guedes (1897-1951) - O canto do cisne preto (1926)
Urucungo (1936) e Negro   preto cor da noite (1936)
Poesia irônica com dose de autocomplacência e apelos de afirmação racial bem comportada.


Fonte: PROENÇA FILHO, Domício. In: "A trajetória do negro na literatura brasileira".