sábado, 5 de maio de 2012

SIMBOLISMO PORTUGUÊS (CULTO DO VAGO)

Início - duas revistas de Coimbra:
Os Insubmissos
Boêmia Nova (1889)
Colaboração - Eugênio de Castro; Alberto de Oliveira; Alberto Osório de Castro; Antonio Nobre; Agostinho de Campos.

Simbiose entre realistas e simbolistas
Origens - no Romantismo, com características próprias na França.
Baudelaire (modernização da poesia) - Flores do mal (1857) inaugura revolução poética (simbolismo, decadentismo, surrealismo e outros ismos)
3º número do Parnase-Contemporain (1876) - crise do ideário parnasiano e o despontar de uma poesia nova que ressuscitava o culto do vago em substituição ao culto da forma e do descritivo.

1882 - decadente (indica um gênero de poesia)
Preconizavam a anarquia, satanismo, perversões, morbidez, pessimismo, histeria, horror da realidade banal, culto do neologismo, vocábulos preciosos como flanescente, adamantino.
Só lhes restavam criar quimeras brilhantes, visto viverem entediados com a decadência da civilização.
Nesse aspecto aproximavam-se dos realistas e naturalistas que pintavam e combatiam a sociedade do tempo por considerá-la em decomposição. Semelhança desfeita com o decadentismo. Transformou-se em simbolismo anos depois.

1881-1873 - Verlaine concebe sua arte poética publicados em 1884.
Seu primeiro verso defendia o enlace da poesia com a música.
18/099/1886 - Jean Morés publica no Fígaro Literaire un Manifeste Littéraire no qual define pela primeira vez o que chama simbolismo (substiuindo o decadentismo) insuficientes para englobar as manifestações desconexas. O Simbolismo incorpora as conquistas decadentes, mas muitas delas continuam a ter vida própria.
Moréas prega que  a poesia simbolista procura vestir a idéia de uma forma sensível.
Com o manifesto é instalado o Simbolismo na França e de lá espalha-se.

Influências estéticas e filosóficas
Baudelaire - simbolistas acolhem como um mestre pelo espírito rebelde e original; inimigo da moral e da poesia convencional, sacerdote de cultos satâncicos que desvendavam esferas inferiores e exteriores.

Filosofia do inconsciente (1869) de Hartmann e explicação do mundo pela existência dum espírito inconsciente.

Filosofia de Shopenhauer - o mundo é uma representação; a inversão de novas teorias idealistas e metafísicas.

Do romance russo - misticismo
Música de Wagner - enaltecida como símile modelar da aspiração simbolista (aliança com a poesia e a ação) em suas famosas óperas.

Pintura impressionista (debate realista) - domina até aparecer o grupo dos "nabis"
Realistas e naturalistas resistiram.

Características do Simbolismo
Antipositivista, antinaturalista e anticientificista. Retorno à atitude psicológica e intelectual assumida pelos românticos.
Opõe-se ao culto do não-eu. Voltam-se a procura de zonas mais profundas.
Subconsciente e inconsciente: caos, alógico, anárquico, vida interior.
Gramática psicológica recorrendo a neologismo, combinações vocabulares inusitadas, arcaísmos.
Realidades inefáveis - mundo vago e complexo.
Sugestão - palavras devem evocar e não descrever; sugerir e não definir.
Correspondência entre o mundo material e imaterial - acabou desaguando na simbolização por meio de metáforas polivalentes.
Esforço de apreensão do impalpável.
Símbolo - múltiplo e fugidio sinal luminoso duma complexa realidade espiritual.
Vaguidades interiores - evocáveis pela música, graças ao caráter inobjetivo e adescritivo para praticar o inefável.
Sondagem interior atinge estratos mais fundos - dá-se o encontro entre o subconsciente individual e o que Jung viria a chamar de inconsciente coletivo o porta voz das multidões.
Segunda renascença da Idade Média - e o reingresso das zonas de misticismo, cavalaria.
Estados de alma caóticos e vagos - semelham estados místicos
Cultivam o vago. o culto, o mistério, a ilusão, a solidão implicando na recuperação, na crença teológica, metafísica.
Métrica - defesa do verso livre; metros sonoros, coloridos, evocativos, senestesias (imagens resultantes de todos os sentidos).

Introdução e evolução do simbolismo português
Introdução - Eugênio de Castro com Oaristos (1890) com prefácio do programa do Simbolismo.
Nefelibatas - que andam nas núvens;
Antonio de Oliveira Soares - exame de consciência;
Alberto de Oliveira - Poesias
D. João de Castro - Alma póstuma
Júlio Brandão - O Livro de Aglais
Antonio Nobre -
Guerra Junqueiro - Os Simples

POESIA
Alberto de Oliveira - Palavras loucas
Eugenio de Castro, Antonio Nobre e Camilo Peçanha - (os grandes do movimento)

PROSA
Mesclou-se com elementos realistas ou naturalistas. Nos últimos estágios do Realismo observava-se ingredientes anarquizadores do cientificismo:
Eça de Queiroz (A cidade e as serras; A correspondência de Fradique Mendes
Últimas páginas;  Contos)

Fialho de Almeida (contos, A cidade do Vício; O País das uvas)
Trindade Coelho (Os Meus amores)
Abel Botelho (Amor crioula, Os Lázaros)
Neles encontra-se componentes ficcionais semelhantes aos que foram objeto de atenção por parte dos simbolistas.
Cultivam prosa poética ou poema em prosa.
Raul Brandão - o mais importante
João Barreira - gouaches (estudos e fantasias) 1882
Manuel Teixeira Gomes - Gente singular (contos) 1909; Maria Adelaide(romance)
Inventário de junho (viagens); agosto azul.
Carlos Malheiro Dias
Antero de Figueiredo
Manuel Laranjeira
Antonio Patrício
João Grave.

TEATRO
Cultivavam-se teatro poético, que procurava levar para o palco as doutrinas estéticas predominantes. Raul Brandão - O gebro e a sombra(1923); O Rei Imaginário; O doido e a morte; O Avejão.
D. João da Câmara (1852-1907) - peças de caráter histórico. AfonsoVI; A Tontinegra Real; Alcácer Quibir. Poético(O Pântano;  Meia Noite), Comédias (Os Velhos).
Júlio Brandão - (Teatro poético - A Noite de natal (1899)
Marcelino Mesquita - Atitudes e soluções românticas e realistas.
Dor suprema(1895); Velho Tema (1896); O Regente (1897); Peraltas e Sécias(1899)
Os Castros;  Sempre Noiva; Almas Doentes; Pedro, O cruel; Frinéia.
Júlio Dantas (1876-1962) - conseguiu sobreviver mais tempo a morte do simbolismo.
Cultivou conto, romance, crônica. Teatro (A severa(1901); O Paço de Veiros(1903); Rosas de todo o ano(1907); O reposteiro verde(1912); A ceia dos cardeiais(1902) - versos alexandrinos contrapõe três concepções do amor (cardeal francês, cardeal italiano e cardeal português). Sua obra caracteriza-se por portuguesismo. Algumas vezes derramando-se em sentimentalismo, esquematismo psicológico, e predileção pelos temas amorosos.

LITERATURA PORTUGUESA (4 ÉPOCAS)

ÉPOCA  MEDIEVAL (1140-1521)
Caracteristicas:
a) Influência da escola provençal e da escola espanhola;
b) Separação entre a poesia popular e a erudita;
c) Traduções latinas e pelas obras da moral;
d) Pela fundação da Universidade, em Lisboa.
e) Pela autonomia da língua portuguesa, afastando-se do galego, do francês e do latim;
f) Aparecimento da história.

POESIA
1)   Escola Provençal (1200-1385)
Aliança das tradições populares antigas com a paixão da alma moderna, pelo objeto dos seus cantos, amoe, prazer e sentimento e artifícios estróficos.

Poesia
Cancioneiros (coletâneas das canções populares ou eruditas.
Cancioneiros da Ajuda - (ou dos Nobres) - por ter pertencido à biblioteca do Colégio dos nobres e, depois de 1825, à da ajuda.
Cancioneiro da Vaticana - encontrado na biblioteca vaticana.
Cancioneiro Colocci-Brancuti - por ter pertencido ao filólogo italiano Angelo Colocci e, depois, ao conde Brancuti. Estava na Torre do Tombo.

Era comum a arte de trovar.
O trovador cultivava a poesia e a música criando obras novas.  Cantava-se versos alheios e próprios ao som de instrumentos (jogral).
Trovava-se a troco de dinheiro (segrel)
Trovadores: D. Diniz; D. Pedro; D. Afonso Sanches(várias canções da vaticana).

PROSA
1) História
Fernão Lopes- alguns acham João Camelo(cronista) o primeiro.
Cronica breve do arquivo nacional;
cronicas breves e memórias avulsas de Santa Cruz.
Livros de linhagens ou nobiliários.
Crônica de conquista do Algarve.
Crônica de fundação do Mosteiro de São Vicente de Lisboa.
Vida de Santa Isabel.
Crônica Geral da Espanha - por D. Afonso.

2)NOVELAS
Romances de cavalaria narrando fantásticas aventuras.
Esses poemas heróicos formaram um ciclo:
a) Ciclo Carolíngio em volta de Carlos Magno - conta suas proezas militares;
b) Ciclo bretão - façanhas de Artus ou Artur, rei lendário da Bretanha que instituiu a Távola Redonda e que procura O Santo Graal (taça de que Jesus Cristo se servira na última ceia e na qual José de Arimatéia recolheu o sangue derramado.
c) Ciclo grego-latino - formado pelas tradições e lendas gregas e latinas.
d) Ciclo de Amadis - descreve os amores de Amadis de Gaula, cavaleiro bretão.

3) LENDAS E FÁBULAS DO SÉC. XV
Lenda de S. Elói e o livro de Esopo.

ESCOLA ESPANHOLA
Pela influência que, na corte portuguesa, exerceu a poesia castelhana.
Garcia de Resende
D. Pedro

PROSA
D. João I
D. Duarte
D. Pedro
D. Afonso V
Fernão Lopes

Fonte: Pe. Antonio da Cruz. Arte da composição e do estilo e história da literatura portuguesa e brasileira. Petrópolis, RJ: Vozes, 1959.